A morte de João Batista
MATEUS Capítulo 14:1-12
Temos aqui um relato da interpretação feita pelo rei da  Galiléia, dos sinais e prodígios que estavam sendo realizados pelo  Senhor Jesus.
O rei era Antipas, chamado de "o tetrarca" pois reinava sobre  uma província, no seu caso a Galiléia e Peréia; ele tinha dois irmãos,  Filipe que reinava sobre o leste do Jordão e Arquelau, rei da Judéia e  de Samaria. Os três eram filhos de Herodes o Grande e todos eram  conhecidos como "Herodes", bem como outros descendentes de Herodes o  Grande que mais tarde assumiriam o poder. Todos eram infames, notórios  pela sua crueldade.
Antipas era de origem iduméia e árabe por parte do pai, e  samaritana por parte da mãe. Abandonando sua esposa, ele casou-se com  Herodias, que havia sido esposa do seu irmão Filipe (não o tetrarca).  João Batista repreendeu-o por causa disto (Levítico 20:21), e por todas  as coisas más que ele tinha feito, e assim angariou o ódio dos dois e  foi posto na prisão. Herodias queria vê-lo morto, mas Herodes temia João  pois sabia que ele era um homem justo e santo (Marcos 6:20).
Mas Herodias aproveitou-se de uma promessa feita levianamente  por Herodes a Salomé, filha de Herodias e sobrinha de Herodes, para  conseguir que ele ordenasse o degolamento de João. Este episódio é  relatado a seguir, e temos muitos mais detalhes narrados em Marcos 6:14 a  29. 
Antes de os considerarmos, vejamos a interpretação dada por  Herodes aos acontecimentos que vinham agora ao seu conhecimento,  concernentes a alguém que estava se tornando notório pelos sinais e  prodígios que fazia. 
Alguns diziam que João havia ressuscitado e era ele quem fazia  os milagres, outros que era o profeta Elias (levado ao céu num  redemoinho, sem morrer - 2 Reis 2:11-12), e outros que era um dos velhos  profetas do Velho Testamento, ressuscitado (Lucas 9:7-8). 
Dessas três hipóteses, Herodes considerou que a primeira era a mais provável (v. 2, Marcos 6:14).
É notável que nem esse Herodes nem ninguém do seu povo parece  ter sequer sugerido a verdadeira identidade do Messias Jesus, tão  esperado pelo povo de Israel, perfeitamente provada pelo cumprimento das  profecias a Seu respeito, e da qual dava sinais autênticos, à vista de  todos.
Parecia mais fácil acreditar que um homem que havia sido  degolado, cuja cabeça fora trazida numa bandeja para a vista de todos,  tinha de alguma forma se reconstituído e voltado à vida.
Assim é a humanidade incrédula, que aceita qualquer explicação,  por mais tola que seja, daquilo que não consegue entender, ao invés da  divina revelação encontrada na Palavra de Deus, a Bíblia. 
A começar pela teoria da evolução, ridícula mas assim mesmo  ensinada em todas as escolas, passando pelas religiões inventadas por  homens, com seus deuses inócuos feitos por eles próprios, chegando até o  cristianismo apóstata dos nossos dias, vazio da fé salvadora, são todos  substitutos da realidade revelada por Deus na Bíblia, disponível a  todos os que a procuram com sinceridade.
 Voltando ao estudo do nosso texto, temos as circunstâncias da  morte de João Batista. Ele havia denunciado ao Herodes a imoralidade que  estava cometendo ao coabitar com Herodias, a mulher do seu irmão. 
Essa mulher ficou furiosa, encheu-se de ódio contra João Batista e queria vê-lo morto por causa disto.
Herodes tinha que decidir entre arrepender-se do que fazia e  separar-se de Herodias, continuar na situação em que se encontrava e  sofrer crescente oposição do povo em seguida à denúncia de João Batista,  ou silenciá-lo de alguma forma.
Das três opções, influenciado por Herodias, Herodes decidiu  pela terceira, mas hesitava em matá-lo, porque sabia que João era um  homem de bem, justo e santo, e respeitado pelo povo. Mandou, portanto,  que fosse amarrado e colocado na prisão. 
Quantas vezes, seguindo um caminho mau, somos alertados por  alguém e temos a oportunidade de nos corrigir, mas preferimos continuar  no pecado.
Quantos pecadores são alertados pela pregação do Evangelho, e,  ao invés de se converterem, eles se voltam contra o evangelista e o  próprio Evangelho, tornando-se inimigos de Cristo. Com isto eles pensam  ganhar algum prazer nesta vida, mas perdem a vida eterna, permanecendo  na condenação de Deus para sempre.
Não é fácil deixar uma situação de pecado, que nos agrada, para  endireitar a nossa vida. Foi o que aconteceu com Herodes. Preferiu  cometer uma grande injustiça, aprisionando João Batista para agradar  Herodias e abafar a sua própria consciência.
Não sabemos o que João Batista pensou sobre o ocorrido: não  havia, entre os profetas, alguém maior do que ele (cap. 11:11, Lucas  7:28). Da prisão ele mandou uns discípulos seus perguntarem ao Senhor  Jesus se Ele era de fato Aquele que havia de vir, ou se esperavam outro  (capítulo 11).
À primeira vista, parece que João Batista estaria começando a  ficar desanimado, e já duvidava da identidade do Senhor Jesus, apesar da  clara identificação feita por ocasião do batismo
Por outro lado, existe a possibilidade que ele quis que eles  obtivessem a confirmação direta do Messias para benefício deles  próprios. É de se notar a maneira sigilosa em que foi fraseada a  pergunta.
João Batista havia proclamado "É necessário que ele cresça e  que eu diminua." (João 3:30). Era comum entre os profetas o sofrimento  nas mãos daqueles a quem transmitiam a Palavra de Deus, logo a situação  em que ele se encontrava não era inesperada.
Este sofrimento, e mesmo a morte, também tem sido parte  integrante da experiência de grande parte dos servos de Deus, desde o  início da igreja. O mundo teve ódio de Jesus Cristo, e ainda tem ódio  dos Seus discípulos, todos os que fazem parte do Seu rebanho, como Ele  próprio declarou que ia acontecer (João 17:14).
O dia do aniversário de Herodes foi celebrado com uma festa (só  lemos de outra festa de aniversário na Bíblia, esta celebrada por Faraó  - Gênesis 40:20). Foi quando ele cometeu outro grande erro.
A filha de Herodias, sobrinha de Herodes, dançou durante a  festa. Seu nome não é mencionado na Bíblia, mas segundo a história  profana ela era Salomé, que se casou mais tarde com outro tio, Filipe o  tetrarca da Ituréia (Lucas 3:1).
Ela dançou tão bem que agradou muito Herodes e os seus  convidados. Para recompensá-la, Herodes lhe prometeu, com juramento, que  lhe daria tudo o que pedisse, até a metade do seu reino (Marcos 6:23).
Era uma promessa solene, e Salomé foi consultar a sua mãe sobre  o que deveria pedir. Herodes era poderoso e rico, e as possibilidades  eram muitas. Mas Herodias estava focalizada em uma coisa só: João  Batista tinha que morrer. Surgiu agora a oportunidade de conseguí-lo  através da sua filha.
Para a aflição de Herodes, sua sobrinha, instruída por sua mãe, pediu: "Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista."
Herodes havia feito um juramento, e os que estavam à mesa com  ele eram testemunhas, portanto ele tinha que ser cumprido. Ninguém daria  o valor de metade do seu reino à cabeça de João Batista: só mesmo  Herodias.
João Batista foi decapitado a mando de Herodes, e a sua cabeça exibida na mesa para a satisfação de Herodias.
Na verdade não foi um triste fim para João Batista. Segundo o  plano de Deus ele havia cumprido brilhantemente a sua missão, e havia  agora chegado a hora dos seus discípulos se reunirem junto com os  discípulos do Senhor Jesus, para aprenderem com Ele. A sua morte foi  rápida e relativamente indolor. A morte do Messias seria imensamente  mais dolorosa.
Os discípulos de João Batista foram buscar o seu corpo, e lhe  deram um sepultamento digno. Depois foram contar tudo ao Senhor Jesus.
Herodes ficou com um grande peso na consciência, e para ele seria agora um alívio pensar que João Batista havia ressuscitado.
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