terça-feira, 21 de junho de 2011

A morte de João Batista

MATEUS Capítulo 14:1-12

Temos aqui um relato da interpretação feita pelo rei da Galiléia, dos sinais e prodígios que estavam sendo realizados pelo Senhor Jesus.
O rei era Antipas, chamado de "o tetrarca" pois reinava sobre uma província, no seu caso a Galiléia e Peréia; ele tinha dois irmãos, Filipe que reinava sobre o leste do Jordão e Arquelau, rei da Judéia e de Samaria. Os três eram filhos de Herodes o Grande e todos eram conhecidos como "Herodes", bem como outros descendentes de Herodes o Grande que mais tarde assumiriam o poder. Todos eram infames, notórios pela sua crueldade.
Antipas era de origem iduméia e árabe por parte do pai, e samaritana por parte da mãe. Abandonando sua esposa, ele casou-se com Herodias, que havia sido esposa do seu irmão Filipe (não o tetrarca). João Batista repreendeu-o por causa disto (Levítico 20:21), e por todas as coisas más que ele tinha feito, e assim angariou o ódio dos dois e foi posto na prisão. Herodias queria vê-lo morto, mas Herodes temia João pois sabia que ele era um homem justo e santo (Marcos 6:20).
Mas Herodias aproveitou-se de uma promessa feita levianamente por Herodes a Salomé, filha de Herodias e sobrinha de Herodes, para conseguir que ele ordenasse o degolamento de João. Este episódio é relatado a seguir, e temos muitos mais detalhes narrados em Marcos 6:14 a 29.
Antes de os considerarmos, vejamos a interpretação dada por Herodes aos acontecimentos que vinham agora ao seu conhecimento, concernentes a alguém que estava se tornando notório pelos sinais e prodígios que fazia.
Alguns diziam que João havia ressuscitado e era ele quem fazia os milagres, outros que era o profeta Elias (levado ao céu num redemoinho, sem morrer - 2 Reis 2:11-12), e outros que era um dos velhos profetas do Velho Testamento, ressuscitado (Lucas 9:7-8).
Dessas três hipóteses, Herodes considerou que a primeira era a mais provável (v. 2, Marcos 6:14).
É notável que nem esse Herodes nem ninguém do seu povo parece ter sequer sugerido a verdadeira identidade do Messias Jesus, tão esperado pelo povo de Israel, perfeitamente provada pelo cumprimento das profecias a Seu respeito, e da qual dava sinais autênticos, à vista de todos.
Parecia mais fácil acreditar que um homem que havia sido degolado, cuja cabeça fora trazida numa bandeja para a vista de todos, tinha de alguma forma se reconstituído e voltado à vida.
Assim é a humanidade incrédula, que aceita qualquer explicação, por mais tola que seja, daquilo que não consegue entender, ao invés da divina revelação encontrada na Palavra de Deus, a Bíblia.
A começar pela teoria da evolução, ridícula mas assim mesmo ensinada em todas as escolas, passando pelas religiões inventadas por homens, com seus deuses inócuos feitos por eles próprios, chegando até o cristianismo apóstata dos nossos dias, vazio da fé salvadora, são todos substitutos da realidade revelada por Deus na Bíblia, disponível a todos os que a procuram com sinceridade.
Voltando ao estudo do nosso texto, temos as circunstâncias da morte de João Batista. Ele havia denunciado ao Herodes a imoralidade que estava cometendo ao coabitar com Herodias, a mulher do seu irmão.
Essa mulher ficou furiosa, encheu-se de ódio contra João Batista e queria vê-lo morto por causa disto.
Herodes tinha que decidir entre arrepender-se do que fazia e separar-se de Herodias, continuar na situação em que se encontrava e sofrer crescente oposição do povo em seguida à denúncia de João Batista, ou silenciá-lo de alguma forma.
Das três opções, influenciado por Herodias, Herodes decidiu pela terceira, mas hesitava em matá-lo, porque sabia que João era um homem de bem, justo e santo, e respeitado pelo povo. Mandou, portanto, que fosse amarrado e colocado na prisão.
Quantas vezes, seguindo um caminho mau, somos alertados por alguém e temos a oportunidade de nos corrigir, mas preferimos continuar no pecado.
Quantos pecadores são alertados pela pregação do Evangelho, e, ao invés de se converterem, eles se voltam contra o evangelista e o próprio Evangelho, tornando-se inimigos de Cristo. Com isto eles pensam ganhar algum prazer nesta vida, mas perdem a vida eterna, permanecendo na condenação de Deus para sempre.
Não é fácil deixar uma situação de pecado, que nos agrada, para endireitar a nossa vida. Foi o que aconteceu com Herodes. Preferiu cometer uma grande injustiça, aprisionando João Batista para agradar Herodias e abafar a sua própria consciência.
Não sabemos o que João Batista pensou sobre o ocorrido: não havia, entre os profetas, alguém maior do que ele (cap. 11:11, Lucas 7:28). Da prisão ele mandou uns discípulos seus perguntarem ao Senhor Jesus se Ele era de fato Aquele que havia de vir, ou se esperavam outro (capítulo 11).
À primeira vista, parece que João Batista estaria começando a ficar desanimado, e já duvidava da identidade do Senhor Jesus, apesar da clara identificação feita por ocasião do batismo
Por outro lado, existe a possibilidade que ele quis que eles obtivessem a confirmação direta do Messias para benefício deles próprios. É de se notar a maneira sigilosa em que foi fraseada a pergunta.
João Batista havia proclamado "É necessário que ele cresça e que eu diminua." (João 3:30). Era comum entre os profetas o sofrimento nas mãos daqueles a quem transmitiam a Palavra de Deus, logo a situação em que ele se encontrava não era inesperada.
Este sofrimento, e mesmo a morte, também tem sido parte integrante da experiência de grande parte dos servos de Deus, desde o início da igreja. O mundo teve ódio de Jesus Cristo, e ainda tem ódio dos Seus discípulos, todos os que fazem parte do Seu rebanho, como Ele próprio declarou que ia acontecer (João 17:14).
O dia do aniversário de Herodes foi celebrado com uma festa (só lemos de outra festa de aniversário na Bíblia, esta celebrada por Faraó - Gênesis 40:20). Foi quando ele cometeu outro grande erro.
A filha de Herodias, sobrinha de Herodes, dançou durante a festa. Seu nome não é mencionado na Bíblia, mas segundo a história profana ela era Salomé, que se casou mais tarde com outro tio, Filipe o tetrarca da Ituréia (Lucas 3:1).
Ela dançou tão bem que agradou muito Herodes e os seus convidados. Para recompensá-la, Herodes lhe prometeu, com juramento, que lhe daria tudo o que pedisse, até a metade do seu reino (Marcos 6:23).
Era uma promessa solene, e Salomé foi consultar a sua mãe sobre o que deveria pedir. Herodes era poderoso e rico, e as possibilidades eram muitas. Mas Herodias estava focalizada em uma coisa só: João Batista tinha que morrer. Surgiu agora a oportunidade de conseguí-lo através da sua filha.
Para a aflição de Herodes, sua sobrinha, instruída por sua mãe, pediu: "Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista."
Herodes havia feito um juramento, e os que estavam à mesa com ele eram testemunhas, portanto ele tinha que ser cumprido. Ninguém daria o valor de metade do seu reino à cabeça de João Batista: só mesmo Herodias.
João Batista foi decapitado a mando de Herodes, e a sua cabeça exibida na mesa para a satisfação de Herodias.
Na verdade não foi um triste fim para João Batista. Segundo o plano de Deus ele havia cumprido brilhantemente a sua missão, e havia agora chegado a hora dos seus discípulos se reunirem junto com os discípulos do Senhor Jesus, para aprenderem com Ele. A sua morte foi rápida e relativamente indolor. A morte do Messias seria imensamente mais dolorosa.
Os discípulos de João Batista foram buscar o seu corpo, e lhe deram um sepultamento digno. Depois foram contar tudo ao Senhor Jesus.
Herodes ficou com um grande peso na consciência, e para ele seria agora um alívio pensar que João Batista havia ressuscitado.

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